Custo
da energia aumentou devido ao baixo nível dos reservatórios. Valor
do reajuste varia conforme a distribuidora
As contas de luz podem ficar até 30% mais caras, em
média, no próximo ano. A estimativa foi feita por consultorias e representantes
do setor elétrico a pedido do G1: entre quatro consultados, as estimativas variaram
de 20% a 30% de reajuste em 2015. A alta deve ocorrer dois anos após as medidas
do governo para reduzir em cerca de 20% a fatura.
“A gente não escapa de um aumento médio de 30% no
ano que vem. Para os clientes de algumas distribuidoras, pode ser mais. Para os
de outras, menos”, afirma Walfrido Avila, presidente da comercializadora
independente de energia Trade Energy.
A sócia-diretora da consultoria PSR, especializada
em energia elétrica e gás, Priscila Lino, estima alta semelhante, de 28%, em
média, em 2015.
O aumento é superior ao de reajustes autorizados
neste ano pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a tarifa de algumas distribuidoras, entre elas
a Celpe(17,75%), a Eletropaulo (18,66%) e a Copel(24,86%), e que já haviam chamado a atenção por serem
elevados.
A alta, no entanto, não é a mesma para todos os
consumidores – ela varia entre as distribuidoras. E vai depender de uma série
de fatores – alguns poucos previsíveis –, como a quantidade de chuvas nos
próximos meses (para recuperar os reservatórios das usinas), além dos gastos
passados das distribuidoras com a compra de energia térmica e no mercado à
vista, investimentos e ganho de produtividade.
Origem da alta
A falta de chuvas é uma das principais responsáveis
pela elevação da tarifa esperada a partir do ano que vem. Por causa da redução
dos níveis dos reservatórios das hidrelétricas, as distribuidoras tiveram de
comprar energia das usinas térmicas, que é mais cara porque elas são movidas a
combustíveis, como óleo, gás e biomassa.
Em geral, as distribuidoras compram energia das
hidrelétricas em leilões mediados pelo governo. As empresas que não conseguiram
neles toda a energia que precisavam tiveram de recorrer ao mercado à vista, no
qual a venda é feita diretamente pelas geradoras, e o preço chegou a patamar
recorde.
Segundo as regras do setor, tanto o custo extra com
as térmicas quanto com a compra de energia no mercado à vista deveriam ser
pagos pelas distribuidoras nesse primeiro momento. Depois, elas seriam
compensadas por meio de reajustes que acontecem todos os anos. Mas as empresas
alegaram não ter recursos suficientes, e o governo lançou um plano de socorro.
Ele se comprometeu a colocar R$ 13 bilhões no setor
elétrico neste ano com recursos orçamentários, e já admite que o total de
empréstimos bancários às empresas pode chegar a R$ 17,7 bilhões. Este valor
para socorrer as distribuidoras será repassado às contas de luz de todos os
brasileiros a partir de 2015.