Com base nas gravações de voz,
investigadores concluíram que o copiloto jogou o Airbus no chão
intencionalmente.
O
anúncio de que o copiloto da Germanwings pode ter derrubado de propósito o
Airbus provocou surpresa e indignação no mundo todo, nesta quinta-feira (26).
Os enviados especiais à região da tragédia, Mariana Becker e Sérgio Gilz,
trazem os detalhes da investigação que levou a essa suspeita.
As revelações apresentadas pelo promotor de Marselha, Brice Robin,
mostram o conteúdo da caixa-preta encontrada na terça-feira (24). Com base nas
gravações de voz entre comandante e copiloto, os investigadores concluíram que
o copiloto jogou o Airbus no chão intencionalmente, matando 150 pessoas.
"O copiloto fez manobras para destruir o avião de propósito enquanto
estava sozinho. O copiloto pressionou o botão para colocar o avião em descida.
A ação de selecionar a altitude só pode ocorrer de forma deliberada",
disse o promotor.
O avião saiu de Barcelona na terça-feira às 6h pelo horário de
Brasília. Deveria chegar a Düsseldorf, na Alemanha, cerca de duas horas depois.
Mas o avião mudou de rota e sumiu dos radares nos alpes franceses. Segundo as
informações divulgadas nesta quinta-feira (26), o Airbus despencou a uma
velocidade de 700 quilômetros por hora.
Os investigadores afirmaram que, nos primeiros 20 minutos de gravação,
a conversa entre os dois pilotos foi normal. O comandante identificado como
Patrick repassou os procedimentos para o voo. Ele pediu então que o copiloto
Andreas Lubitz assumisse o comando, e saiu da cabine para ir ao banheiro.
Na sequência, ouve-se a porta fechar. O copiloto então iniciou a
descida. Os controladores de voo, perceberam a mudança e chamaram o avião, sem
resposta. Pelo interfone, o comandante pediu que o copiloto abrisse a porta.
Não houve resposta. O comandante começou a bater com força, desesperadamente.
Nos últimos segundos podem-se ouvir os gritos dos passageiros, que a esta
altura já tinham percebido o que estava acontecendo.
O tempo todo, segundo o promotor, é possível ouvir a respiração do
copiloto, que é normal, indicando que ele estaria bem e consciente. A gravação
captou a respiração dele até o momento do impacto. Todo esse processo durou
cerca de dez minutos.